Aquele abraço frio, faria me lembrar as noites de chuva, quando por descuido, ou de propósito, deixava algumas gotas molharem o corpo, sem modéstia, deixando a alma encharcada de ausências, espaços, compassos, existência. Ou somente lavando-a de toda amargura dos cafés requentados que tomei esperando que aparecesse, quem sabe ao menos pra dizer que não poderia ficar. Ouvir um 'tenho que ir' machuca, e só percebi isso agora. Meu Deus, que não seja tarde demais.
As lembranças dos lábios que se tocam sem prévio aviso, da presença que necessita se ausentar, o vento gelado que novamente chega pra ficar, agora na procura da solidão como companhia. É que o sentimento ocupa muito mais do que a memória. Como saber onde a saudade se localiza se nem mesmo os olhos se encontram mais. Onde fica guardada a vontade do sempre? Dentro do pensamento que precisa ser esquecido? Num lugar onde não há possibilidades, nunca serão contadas, as histórias de depois de amanhã.
O vento frio chega dessa vez para despertar. Sair do torpor. Os pensamentos invadem agora procurando a saída, não cabem mais no espaço de um talvez, ou de um seria.
Precisa acabar, como dói.
Precisa acabar.
Pensamentos de toda uma noite sem dormir...
Madrugada - 12/09/2015 - 02:27 hs
Elica Cardoso