quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sentimentando de Volta



_
Quanto mais você quer de mim ? Se já nem me tenho mais, por doar-te-me toda. Se ao menos soubesse o que fazer com os meus olhos, sai por ai olhando coisas vulgares, usando-os com piscadelas indecentes para outros rostos. Fecha-os e põe a dormir, sem ao menos lhes tirar a maquiagem, sem ao menos lhes limpar das frustrações de todo um dia, por presenciar coisas horrendas. Não por medo, que eles mesmo não têm, mas como diz o poeta, " Eu não tinha medo de olhar as coisas Horríveis, mas ficava apavorado com a idéia de nada ver... ".
Mas deixando os olhos ao seu devido descanso, passo à boca, ainda morna, se esfria aos primeiros goles de bebida, em seguida beijos em outras bocas, palavras ao pé do ouvido, como sussurros, nunca o fez pra mim, e obriga a minha própria boca o fazer a outros. Como sei ? Uma outra boca me contou, disse ao ouvido que também lhe pertencia. Chego a sentir pena, tantas coisas ouviu calado, pois junto a boca ao menos defesa obtém, mas longe vulnerável.
Bom, no mais quero dizer que vim buscar tudo de volta, quero meus olhos assim como os roubou, ainda estavam cheios de brilho, e dentro deles, havia sua imagem, mas vou cuidar para que eles vejam outras paisagens, um pouco mais vivas, ou pelo menos que queiram viver. Quero também o meu ouvido, e usando a boca, vou lhe jogar na cara tudo o que ele ouviu esse tempo todo.
E agora sem nada de meu em você, e nada de você em mim, tenho por ai uns 5 anos perdidos,' 5 anos da minha vida jogados fora, e ninguém pra culpar' .Isso é triste, mas vou superar, sabe porque? Deixei contigo as lembranças, que não preciso mais delas, tenho outras para armazenar... As que virão daqui pra frente .!


Elica Cardoso

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sentimentando Ilusionismos.!





_
Ontem eu vi o bater de asas de uma borboleta, imperceptível o vento que delas saíam, mas fez-me lembrar da leve brisa que percorria meu corpo em tempos de outrora.Ontem subi até o telhado, e fiz sozinha, o que costumávamos fazer juntos, desenhei com as estrelas lá do céu, tantas formas, figuras, uma mais linda que a outra. Mas faltava uma outra mão, as minhas não alcançavam os extremos dos desenhos, precisei dos teus braços fortes e longos, precisos, para toques finais, mas também para inícios marcantes, provocantes, provocavam-me, tiravam-me do sério com suas tintas, e suas telas. Assinava em minha pele sua arte, fazendo de mim escultura, sua propriedade. Elevando-me aos títulos mais brilhantes que possa existir, colocando-me num pedestal, expondo-me em praça pública, recebendo aplausos, gritos, assovios, críticas e elogios. Falam de mim tocam em mim, riem de mim, esbarram em mim, me desfaço em mil pedaços. Desvanecem assim os sonhos. 

Foi o final do espetáculo, um truque mal feito, meu mago.

Elica Cardoso

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sentimentando Descompassos..





_Só me lembro de me atirar na cara as alianças do que um dia foi pra sempre, virar as costas e bater a porta atrás de si, me deixando ali com aquele nó no peito, aquela vontade absurda de sumir, mais impedida imediatamente pelo orgulho de não te chamar de volta´. Nó que foi se desmanchando, desatando e atando as ligas do coração, fez abrir os olhos, enxergar o real, sair daquele torpor. Quem diria ? Fez perceber que só acabou, se foi, me foi um tempo que não volta mais, e mesmo que voltasse, eu ja não queria, aquelas meias espalhadas pela casa, aquela bermuda pendurada no meu varal, aquele bom dia sempre tão otimista, aqueles passos sempre tão descompassados.
Não, eu nunca mais me renderei a alguém assim 'era o que me dizia sem parar'. Você foi o primeiro e o último. Não vou me doar mais a ponto de achar que as estrelas lá do céu estão perto o bastante para poder tocá-las, nem que o perfume da flor, ou da chuva, ou mesmo do outono, se parece com o seu quando me abraçava forte e parecia que era uma missão impossível me soltar, havia ali um medo de perda.
Prefiro agora passar do seu lado e dizer 'e ai ?' sem nem parar para perguntar 'tudo bem?' .Porque já não me interessa mais, já não ligo que seu sorriso seja pra outra e não pra mim, se deixar o cabelo crescer, que cresça, que pinte, que borde. E olha, estou 'estupidamente' feliz por isso, estou bem, era muita coisa para eu dar conta sozinha sabe. Atirei tudo ao chão.

Agora sei de mim, na verdade nem sei, que até que eu tenha consciência do que estou fazendo, eu vou vivendo assim. E ta bom que só .!