quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Setembro amarelo

      

      
      Ele não ligou, então ela pegou seu casaco e prometendo para si mesma de boca fechada, que não mais estaria lá para ele, que ela faria a dor acabar. Ninguém a ouviu, ninguém a viu quando saiu. Tudo que dava para perceber era o ar de abandono que se instalou no local.
      Mais tarde foi encontrada portando uma bolsa, um casaco, algumas jóias, mas não a vida. É o momento em que todos se perguntam porque uma bela moça faria aquilo. O que ninguém conhece é a dor que cada um carrega, as vezes o fardo é pesado demais, as vezes as pessoas não querem ajudar a carregar, as vezes as pessoas preferem desligar o celular e não ligar.
      E durma com esse silêncio, se conseguir.

Setembro amarelo, ajude a curar, ou tente viver com o silêncio de muitos. 

Elica Cardoso.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

O inverno

     O inverno chegou, o vento frio faz perceber que o corpo continua gelado. Em seu rosto as marcas do tempo. Quem cuidará de você quando eu me for? E quem te acolherá ?
     A lareira esta acesa, mas ela não pode aquecer o frio que está em seu coração. Tem sido inverno ai dentro há muito tempo. Quem fará você sorrir quando eu me for? E quem secará suas lágrimas ?
     Eu pensei que pudesse aguentar, eu pensei que pudesse esperar o tempo que fosse para ter você comigo. Mas parece que não consigo aquecer seu gelado coração. Você me disse: "não pode apenas acreditar?"
     Eu quis acreditar, eu quis te levar comigo, mas você fincou seus pés no gelo. Você não se move, e eu preciso me salvar, eu preciso deixar tudo isso para trás.
     Apenas me diga quem irá afugentar todos os seus medos quando eu me for? E quem irá te proteger no inverno?
     O inverno chegou, e não há quem possa aquecer seu coração, não há quem possa te salvar. Você quer me ver, quer ouvir o som da minha voz, mas eu não estou mais por perto, está sozinho, no frio gelado do inverno.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Você me cativa

     

     Me cativa, o brilho dos teus olhos, o olhar em minha direção, mesmo roubando todo meu ar, fazendo palpitar meu coração, sei que nunca irei me cansar, do tremer do corpo sempre que paro a te encarar.
     Me cativa, o som da tua voz, vem como a brisa da manhã, diz bom dia e a pele arrepia, faz a boca sorrir como magia, não se esqueça, venha sempre assim que amanheça, saibas que és a primeira voz que desejo logo que abro os olhos e vejo, o clarear no quarto, o sol que vem de mansinho e me acorda de assalto.
     Me cativa, o beijo da tua boca, o suspiro que me deixa louca, me deixa rouca, molha meus lábios, faz de uma forma que não quero deixá-los, não posso soltá-los, quero mais, diga que vem, nem sabe, mas me faz um bem, que quando parte fica na boca o gosto e na pele a marca como se fosse arte.
     Me cativa saber que existe, que a cada dia o dia tem o prazer em te ver, queria eu poder amanhecer e emudecer num beijo de amor, da forma como for, dizer que por você tudo faria, que é você que me inspira poesia, e que esse dia é seu, mas que o melhor presente do mundo é meu, quero dizer que te amo e que te quero pra sempre em minha vida. 


Elica Cardoso.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Antes que...

     

     Tem algo que preciso te dizer, precisa ser forte, não questione, não chore, precisa me entender.
     Eu não gosto mais de você. Você me ocupa todo o pensamento, aparece nos meus sonhos sem avisar, intrometido vem como se fosse ficar, mas quando acordo a saudade só faz aumentar.
      Eu não gosto mais de você. O corpo transpira o teu querer, sedento, pede para que venha, venha sem medo, deixe o desejo o dominar, deixe em seus cabelos eu tocar, deixe que em seu abraço eu possa sempre estar, e nunca mais soltar, pois ali me sinto segura, me sinto pura e necessito ficar.
       Mas você precisa saber que não gosto mais de você. Minhas mãos anseiam por teu corpo, minha boca quer te beijar, beijar sem parar ate o fôlego faltar, e assim um pouco parar e te olhar nos olhos que acho tão lindos, e novamente perder o ar pois é isso que teus olhos me fazem. Perder o ar, o sentido, perder-me do mundo em que vivo.
        Oh meu Deus eu não gosto mais de você, quero entender como consegue estar em mim se eu mesma já não estou. Se nesse mundo tudo viesse a se perder e eu tivesse você, mesmo assim seria feliz. As pedras dessa cidade não podem dizer do que sinto la dentro, e é por você, só não se iluda, não te gosto mais, o que sinto é apenas algo que me consome o corpo, a mente, o tempo e tudo o mais que possa imaginar, é somente isso.
         Tenho que te dizer algo, não te gosto mais, percebi que te amo, me parece que amar é maior do que gostar, pois nunca senti algo tão forte e profundo, maior que todo o mundo. Eu sou você, seus sonhos, sou o sorriso nos teus lábios quando me beija,  sou o arrepio na pele quando deseja. Eu sou. Você é, meu porto quando me sinto insegura, é o brilho nos meus olhos quando me leva à loucura, é o meu coração que quer sair pela boca quando me toca, pode ate ser um céu e um inferno, num curto espaço de tempo que mesmo sem intento, vem e me sufoca. Eu te amo e acho que é ainda maior, eu só não sei que nome dar a isso, e é por isso, preciso ter você, antes que fique pior, antes que eu fique menor, antes que...

Elica Cardoso

sábado, 5 de dezembro de 2015

Pegarei meu coração de volta



Tudo ficará bem
Não chore
Não derrame uma lágrima
Quando você acordar
Ainda estarei aqui
Quando você acordar
Combateremos todos os seus medos
E agora eu
Pegarei meu coração de volta
Deixo suas fotos no chão
Roubo de volta... minhas lembranças
Não aguento mais
Sequei minhas lágrimas
E agora encaro os anos
O jeito que você me amou
Dissipou todas as lágrimas
Apenas um pouco de tempo
Foi tudo o que precisamos
Apenas um pouco de tempo para que eu visse
A luz que a vida pode te dar
Como isso pode te libertar?
Então agora eu
Pegarei meu coração de volta
Deixo suas fotos no chão
Roubo de volta... minhas lembranças
Não aguento mais
Sequei minhas lágrimas
E agora encaro os anos
O jeito que você me amou
Dissipou todas as lágrimas

-Antes que termine o dia.


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Desapego




É necessário que seja sincero. O coração me pede sua presença a todo instante, eu espero. Seja sincero, diga que não dá, olhe nos olhos, não minta, não pode mentir, não pode ferir. 
As lágrimas as vezes aparecem, sem um motivo para parar, mas é o coração quem sabe, que quando elas vêm é porque você não está. É necessário que seja sincero, diga que nao vai voltar, o corpo pede sua presença, e por uma constância que quase chega a matar, o que de bom há, que talvez não seja para lhe dar. 
É necessário que seja sincero, tenho mania de me acostumar, fácil as vezes falar, mas acostumei meu coração a nunca se apegar, de forma que não consiga se soltar. Mecanismos, falta do realismo, quando diz que vem, acho um bem, que quando não, sinto que é bom, tudo é bom, qualquer coisa esta bem. Assim meu bem, não precisa ser de obrigação, o que dá o coração, tem que ser de própria vontade, mesmo que haja um impasse, de não haver retribuição. 
É necessário que eu seja sincera, tenho me dado pouco, me contentado com roucos sussurros, que por cima do muro não podem gritar. Quero a estranhesa de me doar, por inteira, e quem sabe me decepcionar, mesmo que não queira, pois é nisso que se resume o viver, para poder ter o amor a flor da pele e esperar que não espere, o momento certo da loucura, do beijo, do abraço da fartura de sentimentos. Seja sincero diga que tem medo. Eu entendo, só que esse medo, me causa dor, por isso venho treinando o desapego, deixo que se for, um dia será. Deixo que vá.

Elica Cardoso

sábado, 12 de setembro de 2015

Sem possibilidades do amor.

   


        O vento frio entrou por debaixo do cobertor, como quem procura desesperadamente um abraço pra se aquecer. A manhã havia chegado e ela trazia o brilho de um dia lindo e maravilhoso que eu não queria ver. Os tons de cinza deram uma trégua, eles não estariam pra mim naquele momento, assim como eu não me tinha para aquele dia, ninguém me teria.
     Aquele abraço frio, faria me lembrar as noites de chuva, quando por descuido, ou de propósito, deixava algumas gotas molharem o corpo, sem modéstia, deixando a alma encharcada de ausências, espaços, compassos, existência. Ou somente lavando-a de toda amargura dos cafés requentados que tomei esperando que aparecesse, quem sabe ao menos pra dizer que não poderia ficar. Ouvir um 'tenho que ir' machuca, e só percebi isso agora. Meu Deus, que não seja tarde demais.
       As lembranças dos lábios que se tocam sem prévio aviso, da presença que necessita se ausentar, o vento gelado que novamente chega pra ficar, agora na procura da solidão como companhia. É que o sentimento ocupa muito mais do que a memória. Como saber onde a saudade se localiza se nem mesmo os olhos se encontram mais. Onde fica guardada a vontade do sempre? Dentro do pensamento que precisa ser esquecido? Num lugar onde não há possibilidades, nunca serão contadas, as histórias de depois de amanhã. 
       O vento frio chega dessa vez para despertar. Sair do torpor. Os pensamentos invadem agora procurando a saída, não cabem mais no espaço de um talvez, ou de um seria. 
       Precisa acabar, como dói.
       Precisa acabar.
       Pensamentos de toda uma noite sem dormir... 


Madrugada - 12/09/2015 - 02:27 hs


Elica Cardoso