terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Não podem ver!




Estampado na cara.
Como pode um sentimento emergir de dentro, deixando as coisas assim tão visíveis, como se fosse violentada em praça pública, gritando assim para tudo aquilo que possuir ouvido. _Você não está feliz!
Não lhe passou pela cabeça nem um pingo de dúvida ao dizer isso. Havia em suas palavras algo forte, uma convicção que somente ele conhecia. Fiquei em choque, ninguém me despira daquela forma antes, como pude deixar. 

Não podem vir, não podem ver, sempre feliz, sempre com um sorriso no rosto, otimista, sempre de cabeça erguida, é assim que tem que ser. Sempre! 
Mas assim, também, sempre fria, sempre distante, sempre sozinha. Encobrir, não sentir. 

Elica Cardoso

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Sinto dizer


A estação mudou e não posso dizer que não percebi as mudanças que ela trouxe. Como não perceber se foram arremessadas literalmente em meu rosto como um vento impetuoso cheio de tristezas e folhas secas, causando cicatrizes, rugas, e quem sabe algumas olheiras. A cama já me tem por mais tempo o que não posso dizer o mesmo dos meus sonhos, o meu rosto amassado no espelho diz da violência das lágrimas esbofeteando a face, escorrendo entre os dedos que tentam detê-las, em vão.
__Tenho que dizer das roupas que ficaram no armário, um dia mando-as de volta junto com todo o resto de você que ainda vive em mim. Preciso de espaço, por isso a desocupação de seus beijos da minha mente, por isso a expulsão dos teus jeitos e trejeitos de minha memória.
__Sinto dizer mas... Tudo mudou! Ando descompassadamente pelas ruas, música aos ouvidos, pensamento na lua, nua crueldade do abandono, faz de minha saudade um trono, quem dera eu fosse o dono de toda felicidade que meu ser almeja, um dia tê-la, e vivê-la. 
__Sinto dizer mas, vou ficando por aqui, adeus e até um dia, quem sabe quando a próxima estação poder vir.


Elica Cardoso

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A solidão dói



Incrível é imaginar como uma lembrança renasce de momentos onde não se espera muita coisa. 
Eis ai meus pensamentos expostos novamente, como se eu mesma gritasse da janela do meu quarto aos quatro ventos '' ME SINTO SÓ! '' . Como pensamentos doem, e lembranças boas doem ainda mais. 
Outrora foi-se o tempo onde eu era feliz, foi-se os risos mais sinceros e toda loucura a flor da pele. Hoje me resta um fingimento feio, que não convence nem a mim mesma. Olha só ali vai um coração cheio de dramas e frustrações fingindo ser amor. Pobre coração, encheu-se de vazios constantes, sobra tanta falta de tudo, tanta falta de si mesmo.

Como um céu nublado pode trazer tanto prazer? Chuva venha me fazer companhia, não fique só a me observar, não fique só a chorar sobre mim, traga de volta o que eu um dia deixei partir.

Elica Cardoso